Parceria inédita visa promover a diversidade na ciência e prevê valor total de até R$ 10,2 milhões entre pagamentos de bolsas e investimentos nas pesquisas


Começam em 21 de março as inscrições para a chamada pública conjunta do Instituto Serrapilheira e da Faperj (Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro) exclusiva para cientistas negros e indígenas. Com foco em ecologia, a iniciativa busca ampliar na ciência a representatividade desta parcela da população, além de estimular o intercâmbio entre pesquisadores. O edital já está disponível para consulta e as inscrições vão até 24 de abril. No total, serão disponibilizados até R$ 10,2 milhões para o pagamento de bolsas e investimentos em pesquisas.

“Queremos fazer circular ideias novas e fomentar a diversidade entre grupos de pesquisa, ajudando a quebrar um pouco a perpetuação de linhas de pensamento que sabemos que existem no ambiente acadêmico”, afirma Cristina Caldas, diretora de Ciência do Serrapilheira.

Poderão participar da chamada pessoas que se identifiquem como parte da população negra (pretos ou pardos) ou indígena. Os candidatos selecionados vão integrar grupos de pesquisa do estado do Rio de Janeiro nos quais não tenham nem se formado nem atuado antes. Os pesquisadores, que trabalharão como pós-doutorandos, podem vir, portanto, de instituições, cidades, estados ou mesmo países diferentes: quanto maior a mobilidade, melhor.

“Os candidatos devem buscar a inserção em grupos de pesquisa, departamentos e instituições diferentes daquelas em que iniciaram suas trajetórias na ciência. Queremos que esses grupos se nutram de novas perguntas, levantadas sobretudo por cientistas negros e indígenas”, explica Cristina.

O foco do edital são jovens cientistas que tenham concluído odoutorado em qualquer área do conhecimento científico, entre 1º de janeiro de 2012 e 30 de junho de 2023 — prazo estendido em até dois anos para mulheres com filhos. Os candidatos não podem ter nenhum tipo de vínculo empregatício com instituições de ciência e tecnologia (ICTs). O projeto deve ser no campo da ecologia e os interessados precisam indicar o grupo de pesquisa que irão integrar. Esse grupo deve ser formado por outros cientistas e atuar no Rio de Janeiro.

Um dos objetivos das instituições é promover novas linhas de pesquisa em ecologia formuladas por pós-doutores negros e indígenas que almejam obter, no médio prazo, posições permanentes. Os oito candidatos selecionados irão receber uma bolsa mensal de R$ 8 mil, além de até R$ 700 mil para o financiamento da pesquisa durante três anos, renováveis por mais dois anos. Serão ainda disponibilizados mais R$ 100 mil especificamente para integração e formação de pessoas de grupos sub-representados nas equipes de pesquisa.

No momento em que o Brasil volta às discussões globais sobre a crise climática, o Instituto Serrapilheira reafirma que a ecologia tropical deve ser um dos eixos estratégicos a guiar os investimentos em ciência no país. “Precisamos desenvolver o potencial enorme de liderança do Brasil em combater a crise climática e a devastação de biomas, tornando o país um hub global de cientistas do clima e da biodiversidade”, ressalta Hugo Aguilaniu, diretor-presidente do Serrapilheira.

“Ao nos juntarmos ao Instituto Serrapilheira nessa empreitada de fomentar a pesquisa em um campo como a ecologia, que está sob os holofotes do mundo e tem sido tão maltratada em nosso país, acreditamos que estamos cumprindo nosso papel para as futuras gerações. E quando direcionamos este edital para jovens talentosos negros e indígenas, acreditamos que estamos resgatando nossas dívidas com o passado. Esperamos que os resultados sejam surpreendentes, aliando grupos diversos e trazendo contribuições criativas”, afirmou Jerson Lima Silva, presidente da Faperj.

Processo seletivo

A seleção acontecerá em duas etapas, com uma análise da pré-proposta e outra da proposta completa. Essa avaliação será conduzida por cientistas que atuam em instituições internacionais de excelência. O resultado final será divulgado no dia 28 de setembro.

A bolsa de R$ 8 mil e os recursos para as pesquisas dos candidatos aprovados serão disponibilizados pela Faperj. O total é de até R$ 700 mil para cada projeto. Já o Instituto Serrapilheira irá destinar R$ 100 mil para cada proposta, sendo que parte desse recursos deverá ser usada na formação da equipe com pessoas de grupos sub-representados.

By Tayliny Silva

Historiadora e publicitária que esta se descobrindo nerd e gamer. Socio fundadora do Negócios Tech.

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