De acordo com a 4ª edição da pesquisa da Escola de Negócios e Seguros, participação do sexo feminino em cargos de gerência está em 44%, enquanto a defasagem salarial persiste a mesma dos anos 1970, em 75%
Se a igualdade de gênero no mundo corporativo segue em ritmo mais lento do que o esperado, no setor de seguros não é diferente. É o que aponta a 4ª edição da pesquisa “Mulheres no Mercado de Seguros no Brasil”, coordenada pela Escola de Negócios e Seguros. Segundo o estudo, se nas seguradoras elas equivalem a 57% dos cargos de menor qualificação, entre os executivos, representam 31%.
Há 10 anos, a participação feminina tem se mantido constante no total de funcionários das seguradoras. Hoje está em 55% – mudou pouco: em 2012, era 57%. O estudo ouviu 16 empresas em um universo de quase 12 mil funcionários.
No geral, os dados coletados mostram que no segmento de seguros o potencial das mulheres segue subaproveitado do ponto de vista profissional. As desigualdades persistem também nos ganhos salariais e nos cargos de chefia. A pesquisa revelou, por exemplo, que a relação salarial entre mulheres e homens, nesse universo, se mantém a mesma desde a década de 1970, em torno de 75%.
Em 2015, o salário médio no setor era de R$ 5,4 mil para homens e R$ 3,9 mil para mulheres. Em 2018, os valores subiram para R$ 6,3 mil e R$ 4,5 mil, respectivamente. Em 2021, os homens ganhavam R$ 8,3 mil por mês e as mulheres, R$ 5,8 mil.
A capacitação técnica não foi considerada como um fator para explicar as diferenças salariais entre os sexos ou os desníveis hierárquicos, pois, segundo a pesquisa, os homens e mulheres entrevistados possuem a mesma formação acadêmica.
Em relação aos cargos, quanto mais elevados, menor a proporção feminina. Embora, em média, 55% de todos os funcionários de uma seguradora sejam mulheres, apenas 44% dos gerentes são do sexo feminino.
A situação piora entre os cargos executivos. Para cada diretora mulher, há 2,2 diretores homens. A diferença persiste, mas já foi maior. Em 2012, a proporção era de quatro homens para uma mulher.
“Os dados coletados nos dão otimismo, já que as indicações são de uma melhora significativa. Sabemos que o pilar de gênero não é o único que precisa ser trabalhado em busca da maior diversidade no setor de seguros. O que constatamos nesse estudo é que um maior número de empresas tem trabalhado ativamente para incentivar mais mulheres nos cargos executivos, e elas estão chegando lá. Sabemos que não é, nem nunca foi, uma questão de competência”, afirma Maria Helena Monteiro, Diretora de Ensino Técnico da ENS, que atuou por muitos anos como executiva de grandes seguradoras e de empresas multinacionais.
Mas as seguradoras já mostram ações efetivas para superar esse cenário, em particular quando o assunto são “políticas para promoção da igualdade de oportunidades para homens e mulheres”. Segundo a pesquisa, publicada pela primeira vez em 2013, atualmente 56% das seguradoras já praticam algum tipo de ação nesse sentido. Em 2015, esse número era a metade: 28%.