Tema foi o principal assunto do fórum “IDC Software Chapter: Business Transformation through Software in LatAm”, realizado pela consultoria

Nos últimos anos, o software vem transformando completamente os negócios das empresas da América Latina e todo o seu ecossistema, do gerenciamento de dados até a experiência com o cliente. “Esse fenômeno se deve pela aceleração da transformação digital nesta era que chamamos de ‘Digital First’, que tem como principal objetivo priorizar o uso de serviços digitais em detrimento aos serviços analógicos”, explicou Luciano Ramos, Country Manager da IDC Brasil e líder de domínio de software e serviços de análise e dados para a América Latina, durante o “IDC Software Chapter: Business Transformation through Software in LatAm”, evento virtual realizado pela IDC, líder em inteligência de mercado, serviços de consultoria e conferências nas indústrias de TI e Telecom.

Durante o evento, além de abordar o papel do software na evolução das empresas da região, a IDC debateu as principais tendências do setor, como o customer experience (experiência do cliente) e o customer engagement (engajamento do cliente), a modernização e agilidade trazidas pelo desenvolvimento de softwares, e o papel fundamental da segurança digital na transformação dos negócios.

Digital First

Claudia Medina, gerente de soluções empresariais da IDC México e líder de domínio de software e serviços de análise e dados para a América Latina, destacou que a resiliência na área de TI é um conceito holístico que está assumindo uma dimensão digital. Esta, por sua vez, procura desenvolver e tirar proveito das capacidades digitais, não só para otimizar operações, mas também para aproveitar e capitalizar todas as mudanças implementadas. “O Modelo de Resiliência Digital proposto pela IDC contempla três etapas, cada uma com um objetivo muito específico: alcançar a continuidade do negócio, capacitar a organização e incorporar a resiliência digital.”

Com isso, o futuro das operações pode ser localizado em uma estrutura conceitual que permitirá às organizações construírem uma cultura de negócios resiliente, considerando aspectos como otimização da operação, ativos tecnológicos, processos de experimentação/inovação e recursos econômicos e humanos. “Para citar alguns exemplos, de acordo com o estudo ‘IDC Latin America IT Investment Trends 2023’, que ouviu 215 empresas latino-americanas, as iniciativas de negócios apontam para três grandes frentes: operações, com melhora na produtividade em 46%; uso de dados, com melhora de 27% na prática de privacidade de dados e de 26% em aproveitamento de dados para a criação de novos fluxos de receita digital e inovação e CX (customer experience), com 32,1% de aumento na retenção de clientes e 25,1% de crescimento no equilíbrio entre experiências físicas e digitais”, pontua Medina.

Sob a perspectiva dos tomadores de decisão, outro estudo, o ‘IDC FutureScape CIO Agenda 2023’, indica que, até 2024, pelo menos 65% dos CIOs das empresas entrevistadas aproveitarão ativamente os recursos de resiliência como uma vantagem competitiva para oferecer diferenciação financeira, uma cadeia de abastecimento mais eficiente e uma operação sustentável. “As conversas de negócios que deve ser mantida com os usuários finais serão orientadas para os benefícios tangíveis já mencionados. Porém, outro fator que devemos adicionar a esta equação é o Cloud, que definitivamente tem um impacto notável neste tema de TI resiliente”, explica Medina.

A gerente da IDC também conta que o desempenho do mercado de software na América Latina pode ser descrito como ‘notável’, já que, até o fim de 2023, estima-se que o crescimento em dólares chegue a 15%, um aumento maior do que a média de negócios de TI, que não ultrapassa 7% para qualquer dos países da região. “Agora, se olharmos para as prioridades do estudo ‘IDC Latin America IT Investments Trends 2023’, descobrimos que nas três primeiras posições temos: Segurança de TI e Cloud, com 35,8%; consolidação e modernização de TI, com 23%, e consolidação e modernização de IaaS com 20,5%”.

Em relação às verticais, as prioridades variam, mas há denominadores comuns, como Cloud, Analytics e modernização de Data Management. Por fim, sobre uma visão de use cases, como mostra o ‘IDC WW Digital Transformation Spending Guide’ lançado no segundo semestre de 2022, os de maior crescimento em 2023 são: pagamentos de próxima geração, convidados conectados & experiência de passageiros, com 42%; gerenciamento inteligente de tráfico, com 31%, e otimização estratégica de preços baseada em dados, com 30%. “Em qualquer desses casos, o software representa cerca da terceira parte do gasto total. Entretanto, o leque de possibilidades oferecido em software é muito amplo e permite especializações para necessidades bastante pontuais”, finaliza Medina.

IaaS, PaaS, SaaS e Cybersecurity

Já o estudo ‘IDC WW Public Cloud Services Tracker 2022H1’ aponta que entre os três elementos de serviço de nuvem – IaaS (Infraestructure as a Service), PaaS (Plataform as a Service) e SaaS (Software as a Service) –, o primeiro é o líder e deve representar 32% do mercado total de Cloud em 2023. Porém, também haverá uma forte presença do software nas outras duas categorias.

Para o mercado de PaaS, a IDC projeta um crescimento médio anual de 38,1% até 2026, impulsionado pelo desenvolvimento de novas soluções que diferenciem a empresa de seus concorrentes, já que para soluções tradicionais de operação de negócios, como ERP (Enterprise Resource Planning) e CRM (Customer Relationship Management), o movimento do mercado é de adoção ou migração para aplicações SaaS, com CAGR (taxa de crescimento anual) de 2,4% até 2026, ou de modernização, complementando o legado novamente com o uso de PaaS.

Em SaaS, a segurança digital é um elemento com taxa de crescimento intensa. “Sabemos que, apesar da alta prioridade que os executivos de tecnologia da América Latina dão à cibersegurança, pouco se investe nela. Do investimento total em software por parte das empresas da região, em média, apenas 7% vai para segurança, enquanto no mercado norte-americano essa média é de quase 10%. Por outro lado, sabemos que isso está mudando e acreditamos que esse mercado deve ter um crescimento em 2023 acima de 12%, sendo o segundo maior do segmento, atrás apenas da China, que deve crescer pouco mais que isso”, esclarece Pietro Delai, diretor de soluções empresariais da IDC LatAm e líder de domínio de cloud e security de análise e dados para a América Latina.

Ainda sobre segurança digital, principalmente nas áreas de IA (Inteligência Artificial) e Analytics, o desafio está na identificação de profissionais especializados, como foi apontado por 83% das 650 empresas LATAM entrevistadas para o estudo ‘IDC Latin America Cybersecurity Report 2022’. “Esse é um motivador para contratar o As a Service de um provedor que, por ter uma equipe maior de profissionais, é proporcionalmente menos impactado por uma perda de profissional especializado. Sendo assim, há um aumento da pressão para transformar os custos operacionais de TI engessados em custos dinâmicos, que podem se adaptar, crescer ou encolher com base nos resultados dos negócios – o que é esperado pelos CEOs de empresas”, explica Delai.

Serviços de TI

Os serviços de tecnologia da informação são cada vez mais importantes, principalmente se levado em conta que apoiam as empresas em uma das questões mais críticas da atualidade: a falta de profissionais qualificados. De acordo com o ‘IDC FutureScape Worldwide 2023 IT Industry Predictions – Latin America Implications’, até 2026, as dificuldades na construção de habilidades críticas e os esforços limitados de treinamento nas principais tecnologias de TI impedirão que 70% das empresas obtenham o valor total dos investimentos em cloud, dados e automação.

“Vemos organizações na América Latina continuarem avançando com parceiros de serviços de TI para o gerenciamento inteligente de seus ambientes e aplicativos corporativos críticos. Dessa forma, o ‘Application Management’ (gerenciamento de aplicativos), que faz parte do escopo dos serviços de TI, deve crescer 7,2% em 2023, segundo o estudo ‘IDC Worldwide IT Services Tracker 2022H1’. Os resultados serão impulsionados pela busca constante de eficiência por meio da observabilidade e da automação inteligente”, disse Luciano Ramos.

Outro ponto que se destaca é o movimento de modernização desses mesmos aplicativos corporativos. De um lado, o SaaS ganha destaque, com previsão de crescimento global para aplicativos em nuvem de 30,7%, em 2023 – ante um crescimento de 2,5% em on-premises (servidores locais), segundo o estudo ‘IDC Worldwide Software Tracker 2022H1’.

Por outro lado, o desenvolvimento de aplicativos personalizados aparece como uma atividade importante para provedores de serviços de TI. “Esta abordagem tem sido utilizada para os casos em que a empresa está criando um novo aplicativo corporativo ou atualizando e/ou expandindo um já existente a fim de alinhá-lo com as novas tecnologias: Cloud, Analytics, AI/ML e boas práticas de segurança de informação”, completa Ramos. Segundo o estudo ‘IDC Worldwide IT Services Tracker 2022H1’, o mercado de desenvolvimento de aplicativos personalizados deve movimentar cerca de US$ 2,5 bilhões na América Latina neste ano.

Mercados funcionais

“A boa notícia que tenho é que, dos mais de 80 mercados funcionais que medimos na IDC, apenas dois estão em declínio. Somando todas as formas de comercialização (licença perpétua, manutenção, assinatura e até as a service), o crescimento médio para os próximos cinco anos é de 15,4%”, conta Pietro Delai.

Em termos de valor, em 2023, os principais grupos chamados “mercados secundários” serão: DM (Data Management), ERM (Enterprise Resource Management), CW (Content Workflow) & MA (Management Applications) e CRM (Customer Relationship Management). “Entretanto, com agilidade digital e novas prioridades de negócios teremos, até 2026, mudanças na ordem em que esses mercados secundários são apresentados. Naturalmente, o ambiente de execução do aplicativo (local ou cloud) também vai mudar”, prevê Delai.

Previsões para América Latina

A IDC prevê que a nuvem terá um papel central na transformação dos negócios de TI nos próximos anos. Por isso, o assunto permeia diversos outros temas.

Segundo o estudo ‘IDC FutureScape Worldwide 2023 IT Industry Predictions – Latin America Implications’, espera-se que, até 2026, 40% das ofertas de infraestrutura, segurança, dados e rede exigirão plataformas de controle baseadas em nuvem que permitam ampla automação e prometam reduções significativas nos custos operacionais correntes. “Tal movimento já começa a ser notado com o grande aumento de conversas sobre FinOps e automação inteligente em toda a América Latina. No Brasil, esse foi um dos temas do evento “IDC Predictions Brazil 2023″, que apresentou dados da pesquisa ‘IDC Brazil Managed and Professional Services for Cloud 2022’, realizada com 120 empresas de médio e grande porte. Dentre elas, 93% acreditam que a otimização de custos de nuvem deve fazer parte da oferta de serviços gerenciados”, exemplifica Luciano Ramos.

Outra previsão trazida por Ramos no mesmo relatório ‘IDC FutureScape 2023’ é de que, até 2026, 40% da adoção de IaaS e SaaS pelas empresas será retida pela incapacidade de avaliar as promessas de inovação mais rápida e lucros operacionais. Ou seja, além dos custos, as organizações LATAM exigirão muito mais clareza sobre como as tecnologias de nuvem contribuirão para os ambientes de negócios.

Isso se torna ainda mais importante em países como o México e a Colômbia, que estão colocando o Cloud Infraestructure e o Cloud Applications no topo de suas iniciativas de TI em termos de importância estratégica, de acordo com dados preliminares do estudo ‘IDC Latin America IT Investment Trends 2023’. “30% das empresas mexicanas colocam a infraestrutura de Cloud em suas principais iniciativas de TI, contra cerca de 20% em uma visão regional da América Latina. Na Colômbia, por exemplo, SaaS tem 19% das respostas sobre prioridades de TI, contra 14% da média da amostra em toda a região”, finaliza Ramos.

Também participaram do “IDC Software Chapter: Business Transformation through Software in LatAm”: Wendy Martínez, analista de software da IDC México; Pilar Cornejo, analista sênior de soluções empresariais da IDC Chile; Emanuel Figueroa, analista sênior de mercados de segurança da IDC LatAm; Bruno Valera, CEO da Medikit; e Juan Manuel Márquez, CIO global da ECOM Agroindustrial.

Para saber mais sobre IDC, visite o site global ou site Latam

By Tayliny Battistella

Historiadora e publicitária que esta se descobrindo nerd e gamer. Socio fundadora do Negócios Tech.

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